Fonte: CUT Nacional
Após 22 anos, júri popular do Tribunal de Justiça do Pará (TJ-PA) condenou a 16 anos de prisão em regime inicial fechado Rogério de Oliveira Dias, que contratou o pistoleiro para assassinar José Dutra da Costa, o Dezinho, que era dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Rondon, sudeste do estado do estado. A sentença foi publicada nesta terça-feira (13).
Rogério, 49 anos, é a quinta pessoa julgada no caso. Ele foi capturado em Minas Gerais em agosto de 2020. Há ainda um sexto acusado, irmão de Rogério, que está foragido desde 2008, o pistoleiro Wellington de Jesus da Silva. Ele fugiu após ter sido condenado em 2006 a 27 anos de prisão por atirar três vezes contra Dezinho na porta da casa onde a vítima morava, no dia 21 de novembro de 2000.
O pistoleiro Wellington tinha 19 anos na época do crime. Ele foi preso em flagrante após cair em um buraco de obras da prefeitura do município. A vítima, no momento em que foi baleada, ainda conseguiu jogar o corpo contra o atirador e os dois caíram no local, facilitando a prisão.
Dirigentes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Contag) e a viúva do sindicalista Dezinho, Maria Joel Dias da Costa, conhecida como Joelma, consideraram a condenação e prisão do assassino uma vitória que reforça a resistência e luta pela reforma agrária.
“Finalmente a justiça foi feita”, disse o secretário de Formação e Organização Sindical da Contag, o paraense Carlos Augusto Silva, conhecido como Guto.
“Essa condenação representa uma vitória da resistência e luta pela reforma agrária. Seguiremos sempre firmes em defesa dos interesses dos povos do campo, da floresta e das águas”, completou o dirigente.
Para Maria Joel Dias da Costa, que hoje é vice-presidenta e secretária de Mulheres do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Rondon, o julgamento foi “mais um momento de tristeza” por reviver a história do assassinato do companheiro, mas “esse também é um dia para reafirmar a importância da luta feita diariamente pelos trabalhadores e trabalhadoras rurais”, pontuou.
“A reforma agrária para nós é uma luta constante, pois é um projeto viável para o homem e para a mulher do campo. Então a gente sai desse júri popular com grande esperança de que a nossa missão enquanto sindicalista não é vão”, desabafa Joelma.
Joelma acompanhou o julgamento com uma delegação organizada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Pará (Fetagri-PA), com cerca de 50 dirigentes sindicais que mais uma vez vieram dar apoio e defender o legado do sindicalista Dezinho. Também estiveram presentes representantes de várias organizações e movimentos sociais do Pará.
“A prisão do intermediário Rogério, não trará Dezinho de volta, mas nos diz: a nossa resistência vale a pena e a paz no campo se dará a partir da luta das entidades sindicais e dos movimentos sociais. Pedimos que o Estado brasileiro não permita que esses crimes fiquem impunes”, afirma o secretário de Política Agrária da Fetagri-PA, João de Jesus Sousa, o João do PT.
Pela memória de Dezinho, o Sistema Confederativo (Sindicatos, Federações e CONTAG) seguirá na luta pela reforma agrária, por justiça e pela paz na região Amazônica e em todo o campo brasileiro.
Dezinho, presente!
Com informações da Fetagri-PA – Max